Cérebros de chumbo é um relato da vida cotidiana nos anos da implantação do Fascismo. Narrativa dramática que só poderia ter sido publicada no início do III Milênio, quando muitos dos mistérios da II Guerra foram vulgarizados, como as relações, ora dúbias, ora heroicas, do Estado do Vaticano com Mussolini.

Embora escravo dos acontecimentos, o texto do autor não é absolutamente frio: Luiz Rocha Neto vive, sente, compreende e, naturalmente, sofre no decorrer de suas lembranças, resultado de pesquisas que realizou na Itália.

Sangue italiano o autor tem a ventura de possuir, graças a sua mãe, Jandyra Viotti Rocha. Seu livro revela o inconformismo triste e heroico da gente da Ligúria, chamada a participar dos eventos do Fascismo, reeditando tantos outros sofrimentos, como a campanha da unificação, as invasões estrangeiras e, mais antigamente, a epopeia do descobrimento e do auxílio à povoação da América.

Cérebros de chumbo não é uma leitura superficial e risonha. Talvez, por isso mesmo, seja tão necessária. Sua escrita foi sóbria e sofrida, como o próprio autor.